O que é Compartimentação Horizontal?
A compartimentação horizontal é um dos pilares fundamentais da proteção passiva contra incêndios em edificações. Esse conceito, regulamentado pela Instrução Técnica IT-09/2025, tem como objetivo principal limitar a propagação do fogo e da fumaça entre diferentes áreas do mesmo pavimento, garantindo mais tempo para evacuação e facilitando a ação dos bombeiros.
Se você atua ou quer atuar na área de segurança contra incêndio, é essencial compreender como funciona esse sistema, quando ele é exigido e como aplicá-lo corretamente em projetos de prevenção. A seguir, você vai entender todos os aspectos que envolvem a compartimentação horizontal.
1. Conceito e Finalidade da Compartimentação Horizontal
A compartimentação horizontal é definida como a divisão de uma edificação em setores de compartimentação por meio de elementos construtivos horizontais, como lajes e elementos de proteção contra fumaça. A ideia é conter o incêndio em uma determinada área, impedindo que ele se espalhe rapidamente para outras partes do mesmo andar.
Esse tipo de compartimentação é essencial principalmente em áreas de grandes dimensões, como shoppings, hospitais, escolas, galpões e edifícios corporativos, onde o risco de propagação horizontal do incêndio é maior devido à extensão dos ambientes.
A norma IT-09/2025 estabelece critérios para essa compartimentação com base em limites máximos de área, uso da edificação e características do risco. Com isso, busca-se preservar vidas e bens, além de oferecer condições adequadas para a atuação das equipes de emergência.
2. Setores de Compartimentação e suas Limitações
Um dos principais pontos da IT-09 é a definição de setor de compartimentação: trata-se de uma área isolada por elementos construtivos com resistência ao fogo mínima estabelecida. Para a compartimentação horizontal, o limite de área desses setores varia conforme o tipo de ocupação da edificação e a presença de sistemas de supressão automática, como sprinklers.
Por exemplo, em ocupações sem chuveiros automáticos, a área máxima de um setor de compartimentação horizontal pode ser limitada a até 1.250 m², dependendo da categoria de risco. Já em edificações que possuem sprinklers, esse limite pode ser ampliado, pois o sistema atua no controle do incêndio desde o início.
Esses limites são fundamentais no desenvolvimento do projeto técnico e devem ser respeitados para que o processo de obtenção de AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) seja aprovado com sucesso.
3. Elementos Construtivos Utilizados
A compartimentação horizontal é feita por meio de lajes resistentes ao fogo e, em muitos casos, complementada por barreiras corta-fogo suspensas (defletores), especialmente em edificações com forros removíveis ou estruturas metálicas aparentes. Esses elementos devem possuir resistência mínima ao fogo (TRRF) conforme as exigências da IT-08/2024.
Além disso, devem ser evitadas aberturas que comprometam a eficácia da compartimentação, como dutos de ventilação sem proteção adequada, passagens de cabos e tubulações que não estejam seladas com materiais corta-fogo.
Todo esse conjunto de medidas garante que, mesmo em um ambiente aberto ou com forro contínuo, o fogo e a fumaça sejam confinados no setor de origem, retardando sua propagação.
4. Integração com Outras Medidas de Segurança
A compartimentação horizontal não atua sozinha. Ela deve ser integrada a outras estratégias de segurança contra incêndios, como sistemas de detecção e alarme, sinalização de emergência, iluminação de saída e controle de fumaça.
Além disso, a presença de sistemas automáticos de combate, como sprinklers e hidrantes, influencia diretamente na forma como os setores são projetados. Quanto mais eficaz o sistema ativo, maior pode ser a área de compartimentação horizontal permitida pela norma.
Essa visão integrada é essencial para garantir a segurança da edificação como um todo, especialmente em ocupações com grande fluxo de pessoas, como centros comerciais e hospitais.
5. Casos Práticos e Exemplos de Aplicação
Imagine um galpão logístico com 2.500 m² de área construída. Segundo a IT-09/2025, esse espaço precisará ser dividido em pelo menos dois setores de compartimentação horizontal, salvo se for protegido por um sistema de sprinklers aprovado. Nesse caso, com sistema de chuveiros automáticos, a área de cada setor pode ser aumentada, possibilitando a manutenção do espaço aberto com segurança.
Outro exemplo comum são andares de hospitais, que, por exigirem evacuação horizontal (por maca ou cadeira de rodas), devem contar com compartimentação horizontal eficiente entre alas, permitindo o deslocamento seguro dos pacientes para uma área segura sem necessidade de escada.
Esses exemplos demonstram como a correta aplicação da norma impacta diretamente na segurança, operação e funcionalidade da edificação.
6. Responsabilidades e Elaboração do Projeto
O projeto de compartimentação horizontal deve ser elaborado por engenheiros ou arquitetos habilitados, que assumem a responsabilidade técnica pela definição dos setores e escolha dos elementos construtivos. O profissional deve seguir as diretrizes da IT-09/2025, cruzando informações com outras instruções técnicas, como a IT-08 (resistência ao fogo), IT-10 (controle de fumaça) e IT-23 (sprinklers), quando houver.
Além disso, é fundamental que o projeto contenha detalhamentos e cortes técnicos que evidenciem a compartimentação, como a localização de barreiras, setorização por lajes, selagens corta-fogo e outros elementos essenciais à aprovação do Corpo de Bombeiros.
A apresentação correta desse projeto junto ao Via Fácil Bombeiros facilita a análise técnica e aumenta significativamente a chance de aprovação sem exigências complementares.
Conclusão
A compartimentação horizontal é uma medida essencial de segurança passiva, indispensável para proteger vidas e mitigar danos em caso de incêndio. Mais do que uma exigência normativa, ela é uma estratégia inteligente que pode salvar vidas e proteger patrimônios.
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