Como Calcular a Reserva Técnica de Incêndio (RTI) Para Sistemas de Hidrantes
A Reserva Técnica de Incêndio (RTI) é um dos elementos mais importantes em um projeto de hidrantes, pois garante que haja água suficiente disponível para o combate a incêndios, mesmo nos momentos mais críticos. A IT-22/2025 do Corpo de Bombeiros de São Paulo define os critérios para dimensionamento da RTI com base no tipo de sistema, área da edificação e risco de ocupação.
Entender como fazer esse cálculo corretamente é essencial para que o sistema seja eficaz, aprovado e funcional. Neste artigo, você aprenderá passo a passo como dimensionar a RTI, os erros mais comuns que devem ser evitados e como essa etapa se conecta ao sucesso do projeto como um todo.
1. O Que é a RTI e Qual Sua Finalidade?
A Reserva Técnica de Incêndio é a quantidade mínima de água que deve ser mantida exclusivamente para ser utilizada em caso de incêndio. Esse volume deve estar sempre disponível no reservatório da edificação e não pode ser usado para consumo cotidiano, como banheiros, cozinha ou limpeza.
Sua função é garantir que, ao acionar os hidrantes, haja abastecimento suficiente para manter a vazão e a pressão mínima exigidas durante um tempo determinado. Isso assegura que a brigada de incêndio ou o Corpo de Bombeiros tenham condições reais de controlar as chamas em um cenário emergencial.
O valor da RTI varia conforme o tipo de sistema adotado no projeto. A IT-22/2025 estabelece critérios objetivos para esse dimensionamento, que precisam ser seguidos com rigor para que o projeto seja aprovado.
2. Onde Encontrar os Valores de RTI na IT-22/2025?
A IT-22/2025 traz em seu conteúdo uma tabela específica com os volumes mínimos exigidos de RTI, conforme o tipo de sistema de hidrantes (1 a 5) e a classificação da edificação. Esses valores variam de 1.000 a 60.000 litros, podendo ultrapassar isso em ocupações de risco especial.
Essa tabela é o ponto de partida para o cálculo. Por exemplo, uma edificação com sistema Tipo 3 pode exigir 8.000 litros, enquanto uma com sistema Tipo 5 pode chegar a mais de 30.000 litros, dependendo do uso e ocupação do local.
É essencial consultar essa tabela sempre que iniciar um projeto. Muitos profissionais ainda cometem o erro de usar valores aproximados ou tabelas antigas, o que compromete a aprovação do projeto e coloca a segurança da edificação em risco.
3. Como Separar a RTI do Consumo Comum do Imóvel?
A água reservada para combate a incêndio não pode ser utilizada para outras finalidades, como consumo humano ou sistemas sanitários. A norma exige que a RTI esteja fisicamente ou hidraulicamente separada do restante do reservatório.
Existem duas formas de fazer isso:
- Compartimento físico separado, com tanque exclusivo para a RTI.
- Compartimento hidráulico, usando registros de retenção, tubulações exclusivas e identificação visual clara.
O importante é garantir que a RTI esteja sempre disponível e não seja consumida por erro ou uso indevido. Esse detalhe é analisado pelo Corpo de Bombeiros na hora da vistoria, e ignorá-lo pode gerar reprovação mesmo que o volume total esteja correto.
4. Tempo de Autonomia e Cálculo da Vazão Total
A IT-22 determina que a RTI deve garantir autonomia mínima de 20 minutos de operação contínua com a vazão necessária ao funcionamento simultâneo dos hidrantes. Esse é um ponto-chave para transformar o volume da RTI em um cálculo técnico.
Por exemplo, se o projeto prevê o funcionamento simultâneo de dois hidrantes, cada um com vazão de 250 L/min, o consumo será de 500 L/min. Multiplicando por 20 minutos, o volume mínimo da RTI será 10.000 litros.
Esse tipo de cálculo é necessário em projetos maiores, onde o número de hidrantes simultâneos pode ser maior. Em todos os casos, o memorial de cálculo deve apresentar essa conta de forma clara, com base nas exigências da norma.
5. Erros Comuns no Cálculo da RTI e Como Evitá-los
Um dos erros mais comuns cometidos por profissionais é subdimensionar a RTI com base em estimativas visuais ou sem considerar a tabela da IT. Outro erro recorrente é não separar corretamente a RTI do consumo predial, o que invalida todo o projeto mesmo que o volume esteja correto.
Também é comum esquecer de considerar o número de hidrantes funcionando simultaneamente, ou desconsiderar a perda de pressão na rede. Esses detalhes são críticos e frequentemente causam reprovação no Corpo de Bombeiros.
Para evitar esses erros, é importante seguir a norma de forma literal, realizar os cálculos com base em dados reais da edificação e validar o projeto com simulações práticas. Esse cuidado mostra profissionalismo e aumenta as chances de aprovação de primeira.
6. A Importância do Memorial de Cálculo para Aprovação da RTI
Todo o cálculo da RTI deve estar descrito no memorial de cálculo hidráulico, que é analisado em conjunto com o projeto, plantas e ART. Esse documento comprova que o sistema foi pensado conforme os critérios técnicos da IT-22/2025.
No memorial, é importante apresentar:
✔️ Tipo de sistema utilizado.
✔️ Número de hidrantes simultâneos.
✔️ Vazão total e tempo de autonomia.
✔️ Volume mínimo da RTI.
✔️ Forma de separação da reserva técnica do consumo comum.
Esse é o momento de mostrar conhecimento técnico e cuidado com os detalhes. Um memorial bem feito transmite confiança ao analista do Corpo de Bombeiros e pode ser o diferencial para a aprovação imediata do projeto.
🚨 Conclusão: Aprenda a Calcular a RTI com Precisão e Confiança
A Reserva Técnica de Incêndio (RTI) é um componente indispensável nos sistemas de hidrantes. Saber como calcular, separar e justificar esse volume de forma correta faz toda a diferença para garantir a segurança da edificação e a aprovação do projeto no Corpo de Bombeiros.
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