Abrigos, Válvulas e Esguichos Componentes Obrigatórios para um Sistema de Hidrantes
Ao projetar um sistema de hidrantes eficiente, não basta pensar apenas na bomba e nas tubulações. Os componentes finais do sistema — como abrigos, válvulas e esguichos — são essenciais para garantir o funcionamento prático durante uma emergência. Sem eles, o sistema simplesmente não poderá ser utilizado corretamente.
A IT-22/2025 do Corpo de Bombeiros de São Paulo especifica quais componentes são obrigatórios, como devem ser instalados, dimensionados e organizados. Neste artigo, você vai entender a função de cada item e os cuidados que todo projetista precisa ter para garantir a aprovação do projeto e, mais importante, a eficiência do sistema em situações reais.
1. Abrigos de Hidrantes: Mais do Que Apenas uma Caixa
O abrigo de hidrante é o compartimento onde ficam armazenados os principais itens do ponto de hidrante: mangueira, esguicho, válvula e registro. Ele precisa ser de fácil acesso, com sinalização clara e espaço suficiente para o uso rápido em caso de incêndio.
A IT-22 determina que o abrigo deve estar entre 1,2 m e 1,5 m do piso acabado, permitir abertura total da porta e possuir resistência mecânica para proteger os componentes internos. O local de instalação não pode estar obstruído e deve garantir mobilidade para desenrolar a mangueira.
Abrigos mal posicionados, sem sinalização ou com espaço reduzido são motivo frequente de reprovação. Portanto, é essencial cuidar não só do dimensionamento do sistema, mas também da usabilidade prática do abrigo na hora da emergência.
2. Válvulas de Hidrante: Controle e Segurança no Combate ao Incêndio
As válvulas são responsáveis por liberar a água da rede para a mangueira de incêndio. Devem ser resistentes, compatíveis com a vazão do sistema e garantir vedação perfeita quando fechadas. A mais comum é a válvula angular de 45° de 1½”, conforme as normas da ABNT e da IT-22.
Essas válvulas devem estar acopladas diretamente à tubulação do hidrante e com a haste posicionada de forma que o operador tenha fácil acesso. A operação deve ser simples e segura, mesmo sob pressão, e o manípulo de abertura deve estar presente e funcional.
É importante que o projetista preveja válvulas certificadas, resistentes à corrosão e com pressão de trabalho compatível com o sistema. O uso de válvulas inadequadas pode causar falhas de funcionamento e comprometer toda a operação de combate ao fogo.
3. Mangueiras: Tamanho, Material e Certificação
A mangueira é o elo entre a válvula e o esguicho, e precisa estar em condições perfeitas de uso. A IT-22 exige que ela seja certificada pelo Inmetro, com comprimento mínimo de 30 metros e diâmetro conforme o tipo de sistema — geralmente 1½” ou 2½”.
O material da mangueira deve ser resistente a abrasão, pressão e altas temperaturas, sendo ideal para uso ocasional e de emergência. No caso de ambientes industriais ou de uso frequente, é necessário usar mangueiras específicas com reforço extra.
A mangueira deve ser enrolada de forma correta no abrigo, sem dobras bruscas ou obstruções. Uma mangueira danificada ou mal armazenada pode impedir o uso durante um incêndio, colocando em risco vidas e patrimônio.
4. Esguichos: Tipos, Regulagens e Pressão de Operação
O esguicho é o equipamento acoplado à ponta da mangueira e é o responsável por direcionar e controlar o jato d’água. A IT-22 exige esguichos do tipo regulável (jato sólido / neblina) para garantir flexibilidade no combate ao fogo em diferentes situações.
Esses esguichos precisam suportar pressões de até 1.000 kPa, oferecer boa ergonomia para o operador e permitir regulagem rápida e segura. A escolha do esguicho interfere diretamente na eficiência do jato, na distância alcançada e na forma de aplicação da água.
É imprescindível que o projetista detalhe no projeto o tipo de esguicho utilizado e garanta que ele seja compatível com a pressão e a vazão da rede. Um esguicho mal dimensionado ou inadequado pode reduzir drasticamente a eficácia do combate ao fogo.
5. Registro de Recalque: A Conexão com o Corpo de Bombeiros
O registro de recalque é o ponto externo da edificação onde o Corpo de Bombeiros pode conectar seus equipamentos e pressurizar a rede interna, garantindo abastecimento de água mesmo se o sistema local falhar.
Segundo a IT-22/2025, ele deve ser instalado em local de fácil acesso, sinalizado e próximo à entrada da edificação. Deve ter diâmetro compatível com o sistema e proteção contra vandalismo ou acúmulo de sujeira (ex: tampa de alumínio, proteção metálica).
Esse item é obrigatório a partir do Sistema Tipo 3, e muitos profissionais esquecem de incluí-lo no projeto. Sem ele, os bombeiros não conseguem atuar de forma integrada, comprometendo a segurança da edificação durante o incêndio.
6. Cuidados com Instalação e Manutenção dos Componentes
Além de projetar corretamente, é essencial garantir que todos os componentes sejam instalados conforme as especificações da norma e dos fabricantes. A má instalação pode causar vazamentos, travamentos ou falhas que inviabilizam o uso do sistema.
Após a instalação, o sistema deve passar por teste hidrostático, ensaio funcional e inspeções regulares. A manutenção preventiva dos componentes — principalmente válvulas e mangueiras — evita deterioração e garante que tudo esteja pronto para uso quando necessário.
No projeto, é papel do profissional descrever os componentes com clareza, informar o modelo, localização, método de instalação e tipo de material. Esse cuidado aumenta as chances de aprovação do AVCB na primeira análise e garante a eficácia do sistema no momento crítico.
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Conhecer e aplicar corretamente os componentes obrigatórios dos sistemas de hidrantes é essencial para garantir funcionalidade, segurança e aprovação do Corpo de Bombeiros. Abrigos, válvulas, esguichos e registros precisam ser selecionados com critério técnico e atenção à norma.
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